domingo, 13 de março de 2016

Contrata-se




Certas coisas na vida chegariam a ser cômicas se não fossem trágicas. No momento, eu, cidadão  de bem, formado,  pai de família, passo por um período de férias forçadas, mais conhecido como desemprego.
                                           
O tempo vai passando, a grana rareando e, um dos cunhados, sabendo da condição  já começa a pedir para levar sua avó a aula de Jiu Jitsu.  Uma cunhada pede para anotar receitas do Programa da Ana Maria Braga. A sogra já convoca semanalmente para levá-la  ao curso de Whats App.
Mas o supra sumo é quando assinamos os sites de emprego. Nesta situação econômica que o Brasil está passando é fácil demais arrumar emprego. Em alguns sites são mostradas as estatísticas das pessoas que concorrem para  uma determinada vaga. A  última que vi, para uma vaga de limpador de jaula de jabuti em uma casa de um costureiro em um bairro da  Zona Sul, tinha 655 pessoas para a vaga, 70 por cento com curso  superior os outros 30 com no mínimo um doutorado.

Estava a procura de uma vaga para porteiro. Achava estranho o fato de que nas buscas nunca era localizada esta ocupação, quando por um acaso  reparei uma vaga em que essa função era anunciada como Analista de Controle de acesso. Pensei, esta aqui deve ser para uma pessoa formada no Massachusetts, a descrição dizia que ela deveria controlar o acesso de entrada e saída das pessoas ao edifício e conferir a documentação. 

Os  benefícios eram os de sempre: vale transporte, uma vasilha Tupperware para trazer comida, etc. As exigências eram: ter  ensino superior, inglês fluente-plus-platinum-toefl, domínio de Windows Server, C++, Project, SAP, saber certificação  ISO 14000, ter certificado de Agente FIFA, Arrais Amador.

Salário de R$950, jornada de 12 horas todos os dias, folgas na sexta-feira da paixão, somente em anos bissextos, que tenham Copa do Mundo ou Olimpíadas .