Certas
coisas na vida chegariam a ser cômicas se não fossem trágicas. No momento, eu,
cidadão de bem, formado, pai de
família, passo por um período de férias forçadas, mais conhecido como
desemprego.
O tempo vai passando, a grana rareando e, um dos cunhados, sabendo da condição já começa a pedir para levar sua avó a aula de Jiu Jitsu. Uma cunhada pede para anotar receitas do Programa da Ana Maria Braga. A sogra já convoca semanalmente para levá-la ao curso de Whats App.
Mas o supra sumo é quando assinamos os sites de
emprego. Nesta situação econômica que o Brasil está passando é fácil demais
arrumar emprego. Em alguns sites são mostradas as estatísticas das pessoas que
concorrem para uma determinada vaga. A última que vi, para uma vaga
de limpador de jaula de jabuti em uma casa de um costureiro em um bairro
da Zona Sul, tinha 655 pessoas para a vaga, 70 por cento com curso
superior os outros 30 com no mínimo um doutorado.
Estava a procura de uma vaga para porteiro. Achava
estranho o fato de que nas buscas nunca era localizada esta ocupação, quando
por um acaso reparei uma vaga em que essa função era anunciada como
Analista de Controle de acesso. Pensei, esta aqui deve ser para uma pessoa formada
no Massachusetts, a descrição dizia que ela deveria controlar o acesso de
entrada e saída das pessoas ao edifício e conferir a documentação.
Os benefícios eram os de sempre: vale
transporte, uma vasilha Tupperware para trazer comida, etc. As exigências eram:
ter ensino superior, inglês fluente-plus-platinum-toefl, domínio de
Windows Server, C++, Project, SAP, saber certificação ISO 14000, ter
certificado de Agente FIFA, Arrais Amador.
Salário
de R$950, jornada de 12 horas todos os dias, folgas na sexta-feira da paixão,
somente em anos bissextos, que tenham Copa do Mundo ou Olimpíadas .