quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O Tempo

“O tempo é o senhor da razão”.
Um tio me disse que esta frase é do Fernando Collor.

Nossa e esse recreio que não chega...
Puxa já acabou o intervalo, nem brinquei direito. Putz, hoje tem 6º horário, vai custar a dar meio dia e dez, ai meu Deus, são os passos da minha mãe, vai abrir a porta pra me acordar, nossa já são seis da manhã, como a noite passou rápido.
Quem inventou escola?

Ai meu Deus que missa demorada, não entendo nada que este padre tá falando, que sotaque estranho, acho que ele é da Holanda.
Oba! Sábado chegou, festinha de 15 anos, quase dois meses esperando, nossa como a festa voou.
Cursinho pré vestibular é uma mer...Domingo oito da manhã e eu aqui.
Quem inventou vestibular?

Nossa que dia corrido, são dez e dez da noite e esse cara que não faz chamada nem fu... Vou perder o ônibus das dez e meia.
Quem inventou faculdade?

O que tá acontecendo? Que barulho é esse? Ah é o celular despertando!!!! Quatro e quarenta e cinco da matina.
Nossa, quem inventou Check in?

Humm, falta mais de um mês para o carnaval, a semana santa cai em qual mês mesmo?
Tô precisando de férias, falta quanto tempo para eu aposentar?

Que saudade do tempo do colégio.

domingo, 25 de janeiro de 2009

B.B.B.- BIG BESTEROL BRASIL 9 UNREALITY SHOW

Entra ano sai ano e sempre em janeiro começa o mais famoso dos reality shows brasileiros, acho que é o único, quem apresenta é o ex marido da Giulia Gam, ouvi falar que ele já até quebrou a mão esmurrando o portão da casa dela, ele é o mesmo jornalista, que em eventos como Copa do Mundo e Olimpíadas faz alguns textos melosos e muitas vezes ridículos, editados em estúdios no país do espetáculo.
Nem parece ser o mesmo profissional que fez a cobertura histórica da queda do Muro de Berlim, e pensar que a TV Philco Ford da minha casa estava estragada naquele dia.
Dou mão à palmatória, já assisti e vibrei em versões anteriores do programa, mas com o passar do tempo, enjoei, hoje em dia nem suporto ouvir a voz do apresentador. Recordo-me de uma prova para escolha do líder, em que pessoas testavam sua resistência, grudadas no teto, através daquela cola famosa e super potente, é bom lembrar que eram presas pelo solado por um calçado especial, o que mais me chamou a atenção, era o aviso com voz de tragédia: “Por favor não tentem fazer isto em casa, estas pessoas são profissionais treinados e estão acostumados com este procedimento”, puxa vida, será que existe alguém que tira seu sustento pregando pessoas de ponta cabeça em tetos, usando super cola?
Enfim, a força do dinheiro e da mídia é tremenda, e todos sabem que o jornalista ganha uma “baba” para apresentar este Big Lixo, e os anunciantes se “acotovelam” para anunciarem neste besteirol, sem falar nos milhões de brasileiros de todas as classes que são espectadores assíduos.
Já ia me esquecendo, será quem ganhou a última prova do líder?

sábado, 24 de janeiro de 2009

Paranóia numérica

Acho muito interessante como os números norteiam a sociedade e o status que proporcionam.
Na minha adolescência lembro-me de alguns colegas de escola “tirando onda” por que tinham aparelho de vídeo cassete G21 da Panasonic. Ficávamos de boca aberta com o opala 250 s, quando foi lançado o Diplomata 4.1 s nem se fala. Vídeo cassete tinha que ser de 4 cabeças, alguns tinham 2, apesar de embolarem as fitas, é o que diziam.
Outro dia um colega de empresa mostrou-se preocupado, por que haviam lançado uma máquina digital com mais capacidade que a sua, o mais engraçado é que a máquina dele, era recém comprada e super moderna, com resolução de 8 pixels, é bom lembrar, mais que 8 pixels é para um camarada que deseja imprimir anúncios para traseira de ônibus. As pessoas começam com uma verdadeira paranóia numérica, pen drives, por exemplo, são encontrados com capacidade de armazenamento de 1 giga, 2 até 8 gigas, quando terminar este texto provavelmente já vai ter surgido um de 1 tera, recentemente colegas reuniram para comprar pen drives com preços mais acessíveis alguns da lista nem sabiam a utilidade de um pen drive. Se formos falar de aparelhos de TV então, passei a maior parte da minha vida assistindo a programação numa TV de 21” e como foram bons estes anos, quando solteiro comprei um de 14” para meu quarto, ganhei uma de 29” quando casei e cheguei a cogitar fazer um consórcio de uma de 32”, tenho amigos que irão comprar de 42”, puxa vida 42 polegadas, e pensar que assisti ao tetra campeonato num de 21”.
Carros existem para todos os gostos e bolsos, de modelos 1.0, 1.4, 1.6, 1.8, 2.0 etc., Que obviamente tem o consumo compatível com os números de suas cilindradas e com o número de reais que os proprietários se dispõem a gastar com combustível, impostos manutenção o interessante que muitos possuem veículos com potência e valores altos, mas seu holerite no final do mês é de uma potência inversamente proporcional, isto será tema para um texto inteiro e para outra oportunidade.
Na verdade somos quase todos consumidos pelo consumo, pobres consumidores, alguns com a conta recheada, mas todos pobres.

domingo, 18 de janeiro de 2009

SUBSTANTIVO COMUM X SUBSTANTIVO PRÓPRIO

Substantivo comum é aquele que designa os seres de uma espécie de forma genérica

Substantivo próprio é aquele que designa um ser específico, determinado, individualizando-o

Existem lâminas de barbear e existe o Gillete
Existem palhas de aço e existe o Bombril
Existem chinelos de dedo e existem Havaianas
Existem maratonistas e existem Quenianos
Existem hinos nacionais e existe a Marselhesa
Existem automóveis e existe a Ferrari
Existem amidos de milho e existe a Maizena
Existem depuradores de ar e existe o Suggar
Existem refrigerantes e existe a Coca Cola
Existiram pontas esquerdas e existiu o Éder
Existem ondas e existe Pipeline
Existem surfistas e existe o Kelly
Existe a humildade e existiu o Chico
Existem arquitetos e existe o Oscar
Existe paixão e existe o Atlético
Existem esposas e existe a Lu
Existem relógios e existe o G-Shock
Existem mães e existe a Nita
Existiram mega bandas de rock e existiu o Pink Floyd
Existiram bandas nacionais e existiu a Legião
Existiram 37 brasileirões existiu o Primeiro
Existiram pilotos existiu o Ayrton
Existem pais corujas existiu o Olívio
Existem vermes existe o Wright
Existe tudo existe Deus
Existem países existe o Brasil
Existem torcedores existem os Atleticanos

domingo, 11 de janeiro de 2009

Isto não está acontecendo comigo

1992, neste ano completei meus 18 anos de idade, sonho de independência, liberdade, maioridade, mas nem tudo eram flores, tinha um fantasma chamado exército.

As histórias e lendas sobre o exército e seus processos de alistamento, apresentação e convocação eram sempre contadas, só de pensar me dava um frio na barriga, e a barriga e sensações que ela muitas vezes nos proporciona que vai ser o pilar desta história.

No colégio onde estudava eu tinha dois colegas que iriam completar 18 anos naquele ano, estava chegando à época do alistamento, que naquele tempo era feito no centro de Belo Horizonte, era necessário passar a noite numa longa fila, para conseguir efetuar o alistamento. Combinamos, eu e meus dois colegas de encontramos no centro, e ficarmos juntos na fila. Tomei um banho chamei um táxi e sai de casa carregando um envelope pardo com documentos necessários para aquela empreitada, conversei muito com o taxista, me recordei de uma frase que ele havia dito e que uso até hoje, ele disse que numa cidade como B.H. depois da meia noite, não aparece nada que presta na rua, puxa com fui lembrar disto agora. Voltando a história, encontrei com meus dois colegas, Sandro e Shosas, na verdade o Shosas tinha o nome de Alexandre, mas isto não vem ao caso.

Eu e meus colegas fomos caminhando em direção a fila, de longe já avistamos algumas pessoas já postadas, ao aproximarmos paramos em frente a uns cidadãos vestindo gorros e enrolados com cobertores cinza aqueles usados por transportadoras para proteger móveis em mudanças, ao pararmos na frente dessas pessoas, fomos muito bem recebidos com palavras de carinho e fraternidade, achamos que eles eram os últimos da fila e na verdade eram os primeiros, depois daquela recepção calorosa fomos procurar a outra ponta daquela fila, andamos quase um quarteirão e sentamos ali no chão mesmo, aquela noite seria longa. Mal tínhamos sentado, eu com meu envelope pardo impecável, comecei a sentir algo estranho, a sensação veio bem sutil e veio crescendo. Puta que pariu eu estava com um principio de dor de barriga, não , não podia ser por que eu, meu Deus, se existisse uma escala de 0 a 5 para medir uma dor de barriga, aquela indicava uma escala que possivelmente, teriam que reunir os especialistas em escala de dor de barriga, pois a gradação daquele desconforto era 6,5. Nossa comecei a rezar, e rezei muito, rezava um pai nosso, uma Ave Maria e uma oração para meu anjo da Guarda,sucessivamente, meu corpo estava todo arrepiado,e eu não sou de arrepiar, meu olhos marejam quando ouço histórias de fantasmas,quando o Galo é campeão, e o hino é tocado choro muito, mas o fenômeno do arrepio não me visita sempre, é a coisa estava feia para mim, de madrugada, numa noite fria e desandado, deixei meu envelope pardo impecável com o Shosas, levantei me, lembro de uns caras gritando, me chamando de vara pau e outras coisas, mas naquela altura do campeonato tudo o que queria era me aliviar, fui numa rua escura e tentei uma moita, mas meu corpo ou cérebro ainda tinham um mecanismo de dignidade, e interviram não permitindo aquela operação, simplesmente a escotilha de lançar torpedos não funcionou, mas a caldeira daquele navio de 1,93 m, estava a todo vapor, e meu mecanismo de dignidade iria entrar em colapso a qualquer momento, de longe vi um posto de gasolina, lembro até o nome: POSTO ADALBERTO FERRAZ.

O estabelecimento estava fechado e escuro, lá logicamente tinha um banheiro, vi um vigia e pedi com toda humildade do mundo: “Moço estou na fila do alistamento e preciso com urgência de um banheiro, por favor. O Moço muito solidário me mostrou um banheiro, típico de fundo de posto de gasolina, eu ainda estava lúcido, fiz um reconhecimento e vi que não tinha papel higiênico, antes de começar a operação, meti minha carona preta para fora do banheiro e perguntei para aquele tomador de conta de patrimônio dos outros, se ele tinha papel higiênico, o pobre infeliz me ofereceu um papel que enrolava um biscoito frito, o papel era puro óleo, recusei educadamente , dentro do banheiro haviam uns jornais, mas enfim a hora do lançamento estava próxima, eu estava com um alien dentro de mim que precisava sair, me lembrei que estava calçando meias, ainda bem que havia ido de meias, eram umas meias do Paraguai , com aquele jacarezinho da Lacoste, eles ficaram para trás naquele noite dos horrores.

O resto da história não tem muita emoção, passamos a noite na fila até amanhecer, cheguei em casa naquele mesmo dia quase na hora do almoço.O curioso desta história é que meu pai ao encontrar comigo, disse que tinha sonhado comigo e que eu estava querendo cagar no meio da rua ele disse que não era para eu fazer cocô ali...

Vídeo Cassete

Em janeiro de 1987 minha família estava em polvorosa, estávamos todos empolgados com os festejos das bodas de ouro dos meus avós.
Foi um acontecimento, vieram parentes de outras cidades, o salão do melhor clube do bairro foi alugado para a festa, me lembro até hoje da roupa que comprei com meu pai para ir ao evento, um tênis preto e amarelo, uma calça jeans preta com costuras vermelhas, e uma camisa preta e amarela num tecido brilhante, esta camisa fazia inveja a qualquer bicheiro da época, lembro que minha mãe e minha irmãs não gostaram muito da compra, mesmo para época a roupa era um pouco exagerada.

Enfim, tivemos todos os festejos, missa, festa, meus avós ganharam presentes de todos os tipos e gostos. A festa foi filmada por algum amigo mais abonado de meu avô, naquela época filmava se a festa e no final quem tinha feito este serviço entregava a fita e pronto, não tinha muita edição ou coisa parecida. Mas um detalhe muito interessante, ninguém da família tinha vídeo cassete, era um artigo de luxo, muitos diziam que era do preço de um carro, como então veríamos a fita daquela apoteose da nossa família? A solução veio provavelmente de mais um amigo abonado de meu avô, ele emprestou um vídeo cassete para que nós pudéssemos ver a tal sonhada fita.

O aparelho foi instalado na televisão da casa da minha vó, ainda lembro como se fosse hoje, aquele carpete caramelo, dois sofás e a sala lotada de crianças, e aquele sonho de consumo uma revolução na época instalado no móvel da televisão. Eram poucos que tinha vídeo cassete, alugar um filme então e achar uma locadora, era mais raro ainda, aproveitando a oportunidade de termos um vídeo à nossa disposição, meu pai conseguiu através de um amigo do banco em que trabalhava, uma indicação de uma locadora na Avenida Carandaí no bairro funcionários, eu e minha irmã mais velha tivemos a missão de ir alugar uns filmes para serem vistos junto com o pacotão da fita das bodas, seria um verdadeiro festival de vídeo, ao chegarmos à locadora ficamos deslumbrados com a quantidade de títulos disponíveis, alugamos dois filmes: Ases Indomáveis (Top Gun) e A Profecia III, a sacola da locadora era de um material parecido com couro, saímos do estabelecimento felizes da vida era um sonho burguês, naquele final de semana, estávamos nos sentindo ricos com aquela bolsa de locadora. A sessão de filmes foi ótima, aquelas cenas de Top Gun são belíssimas e o medo do filme A profecia nem se fala, a fita das bodas é uma história a parte, quem estava no comando do vídeo acelerava ou voltava a fita com as imagens na tela, aquilo era um verdadeira festa, a galera até chorava de rir ao se ver acelerado ou em câmera lenta, bons tempos aqueles, junto com o vídeo, o amigo do meu avô, emprestou um fita com a missa do orfanato do grupo Corpo, achei belíssimo assistir aquela peça, naquele final de semana fiquei sabendo que o responsável pelo grupo corpo era um tal de Rodrigo Pederneiras, nunca esqueci disto, memória é uma coisa louca né!!!

Na segunda feira meu pai chegou do serviço bravo: “Pô vocês tinham que comentar na locadora que o vídeo era emprestado”...